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Falência do grupo é um desastre para a economia de Alagoas
Fornecedores e representantes do setor sucroalcooleiro reuniram-se na manhã de ontem na sede da Associação dos Plantadores de Cana do Estado de Alagoas (Asplana), em Jaraguá, com o diretor-jurídico do Grupo João Lyra, Augusto Galvão. Eles garantiram solidariedade e apoio ao conjunto de empresas para que o grupo possa continuar gerando empregos direta e indiretamente em todo o Estado.
Os produtores e trabalhadores foram unânimes em afirmar que a possibilidade de falência do grupo é um desastre para a economia de Alagoas, que deve ser evitado. “O Grupo João Lyra gera milhares de empregos diretos e indiretos, contando com a parceria de mais de 500 fornecedores de cana-de-açúcar (outro setor que emprega muita mão-de-obra), e a possibilidade de fechamento das três usinas de Alagoas [Uruba, Laginha e Guaxuma] é preocupante, afetando toda a cadeia produtiva”, avaliou o presidente da Asplana, Lourenço Lopes.
“Queremos evitar este desconforto, essa crise. Nossa preocupação é trazer indústrias, não perdermos três unidades tradicionais, viáveis, em funcionamento, que vão começar a moer. São empregos, recursos, divisas para o Estado”, completou. Depois da reunião, Lopes ressaltou que os produtores e trabalhadores estão do lado do Grupo João Lyra e que o problema da cadeia produtiva reflete a falta de políticas públicas para o setor.
“Vamos buscar sensibilizar a sociedade e o governo federal. Pedimos o empenho dos governos para desenvolvermos nossas atividades que dependem do Grupo João Lyra. Não é hora de penalizar. É hora de buscar soluções, maneiras mais prudentes. Os governos falam muito de uma política pública para o etanol, mas ela não existe na prática. Essa crise é a prova que as dificuldades são maiores por falta de recursos, aliados ao custo alto de produção e baixo preço do produto final. Precisamos de dinheiro a juros baixos para essas indústrias e para os produtores”, destaca.
O diretor-presidente da Cooperativa dos Plantadores (Coplan), Fernando Rossiter, lembra que o decreto de falência pegou toda a sociedade de surpresa. “A repercussão é negativa para Alagoas. É essencial que a Justiça leve em consideração que o Grupo João Lyra é um conjunto de empresas, que gera benefícios, tem um grande número de empregados, centenas de fornecedores (que também são geradores de empregos). Este decreto não pode ser efetivado porque vamos inviabilizar uma parte do Estado”, garante.
Rossiter assinala que em Joaquim Gomes e Flexeiras, onde outras unidades industriais fecharam, o casos tomou conta das localidades e, ao longo dos anos, os problemas sociais só se agravam. “É necessário equilíbrio e dar a importância para reverter o quadro. Estamos solidários para ajudar. Agora é o momento de unirmos forças e lutarmos para manter os empregos criados e vencermos a crise, que certamente passará”, avalia.
O produtor Ênio Agra também se mostrou insatisfeito com o impacto que seria causado caso as usinas fechassem. “Qualquer indústria que feche em Alagoas é desastroso. Imagine fechar três usinas que correspondem a 10% da produção de Alagoas?”, questiona.
Augusto Galvão tranquilizou os fornecedores, garantindo que a produção deste ano é suficiente para arcar com as despesas de manutenção e para honrar os compromissos financeiros com seus colaboradores e fornecedores. “Estamos trabalhando normalmente porque esta decisão judicial não é definitiva, cabe recurso e é o que vamos fazer até a última instância, caso seja necessário. As usinas do Sudeste já estão moendo e em Alagoas estamos nos ajustes finais para começar a moer no próximo dia 5, começando pela Uruba. Os créditos estão sendo repactuados e vamos pagar todos os credores”, esclarece.
Ele conta que o processo que acabou por gerar o decreto de falência foi gerado em função da alteração substancial no nível de juros, muito superiores aos praticados. “Houve um pedido de aditivo para o processo, que foi deferido pelo juiz Sóstenes Andrade. Alguns credores entraram com um agravo de instrumento pedindo a transformação da recuperação em falência. Nós apresentamos as contra-razões do agravo, mas infelizmente, como o juiz Marcelo Tadeu Lemos é inimigo declarado de João Lyra, houve um julgamento absurdo, porque transforma em falência quando o patrimônio da empresa é superior à dívida”, justifica.
Ao final da reunião, o presidente da Asplana disse que o encontro serviu para esclarecer que as usinas terão a manutenção do funcionamento. “Esse posicionamento acalma no sentido de regularizar o trabalho dos produtores, garantindo que, seguindo um cronograma real, vamos receber pela matéria-prima”, resume.
Autoridades e representantes de classes saem em defesa
O prefeito Cícero Almeida (PSD) garantiu ontem que está solidário ao Grupo João Lyra, tendo em vista sua tradição e grande importância não somente para a capital, mas para todo o Estado. “Apressei os despachos do dia para ir pessoalmente prestar minha solidariedade ao empresário João Lyra. Há a necessidade de se pensar no lado social da empresa. O grupo tem meu apoio irrestrito. Comungo com a nota expedida por João Lyra e vou auxiliar no que for preciso, em tudo o que estiver ao meu alcance”, assinala.
O presidente da Câmara de Maceió, Galba Novaes (PRB) conta que ficou surpreso com essa decisão da Justiça, já que é fato conhecido em Alagoas que o patrimônio do Grupo João Lyra é maior do que os débitos.
“Todas as forças precisam ser mobilizadas para que este decreto de falência não venha a ser concretizado. A Câmara se coloca ao lado dessas forças da sociedade que quer que o Grupo João Lyra continue garantindo emprego e renda para as famílias da capital e das cidades do interior onde tem suas unidade. Há de se considerar que há muitos anos esse grupo contribui com a economia alagoana”, avalia o vereador.
Quem também se declarou surpreso com a notícia foi o presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Toledo (PSDB). “É uma noticia que entristece a todos. É muito ruim para o Estado porque o Grupo João Lyra gera muitos empregos e renda para Alagoas. Precisamos de mais empregos. Não podemos perder estes que já temos. São milhares de famílias que dependem do Grupo. Acredito que o governador pode se empenhar para reverter esta situação”, opina.
Outro tucano que se mostrou preocupado com a possibilidade de falência foi o governador Teotonio Vilela Filho. “O Grupo João Lyra gera 17 mil empregos diretos, fora os indiretos. São usinas bem estruturadas e organizadas e isso preocupa o Estado. Desde que assumimos o governo nos esforçamos para colocar pessoas no mercado de trabalho, ampliar a geração de renda e melhorar a vida do nosso povo. Não podemos contar com esta redução de vagas”, destaca.
O presidente da seccional Alagoas do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea/AL), Roosevelt Patriota considera a possibilidade de falência lamentável, mas acredita que possa ser revertido. “Felizmente cabe recurso. O Grupo João Lyra está entre os que mais emprega engenheiros, agrônomos e técnicos, tem usinas bem equipadas e dimensionadas, com alta produtividade, sempre à frente das usinas do Estado. Seu fechamento seria um golpe duro para o mercado”, defende.
Fonte: Assessoria