Entre altos e baixos, o varejo brasileiro conseguiu manter sua performance de crescimento bem acima da economia em geral, com cerca de 6% de avanço ao longo de 2012, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB), é estimado em 1% pelo Banco Central. Para este ano, no entanto, o cenário ainda é incerto. Entidades ligadas ao setor vêm divergindo sobre o desempenho em 2013 - com variação de 5% a 14% nas expectativas-, em decorrência de vários fatores indefinidos, principalmente as interrogações acerca do desempenho do PIB.
Em reforço à política econômica centrada no consumo interno, na semana que antecedeu ao Natal - considerada a melhor data para o varejo -, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, incluiu o comércio na ampliação da lista de segmentos beneficiados no próximo ano com a desoneração de tributos na folha de pagamento. A partir de abril, lojas de departamento e magazines, farmácias, lojas de vestuário, de equipamentos de informática e eletrodomésticos serão contemplados com essa iniciativa.
Com a medida, as empresas não vão precisar mais recolher a contribuição patronal de 20% sobre a folha salarial para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em substituição ao tributo, elas pagarão uma taxa de 1% sobre o faturamento. Com isso, o Ministério da Fazenda permite que o valor total pago pelos empresários do setor caia quase pela metade - de R$ 5,69 bilhões para R$ 3,98 bilhões.
O setor supermercadista, segundo Guido Mantega, preferiu ficar de fora dos benefícios, mesmo que no decorrer de 2012 a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) tenha pleiteado a redução de impostos em algumas categorias de consumo.
Na opinião de Leandro Cossalter, especialista em tributos e sócio-diretor da Crowe Horwath Brasil, o resultado positivo das mudanças surtirá efeito imediato aos empresários do País. "O setor irá sentir a medida já no início da implantação, ou seja, pela redução dos custos tributários ou pelo aumento de consumidores que irão às compras com a expectativa de encontrar preços mais baixos", explicou.
Além de produtos mais baratos nas prateleiras, as mudanças impactam positivamente no controle da inflação, que em 2012 atingiu de forma negativa e preocupante os empresários que atuam com vendas de alimentos.
Outra medida que poderá aquecer o mercado consumidor é a prorrogação da desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca, automóveis e móveis, adiada para o mês de junho, o que significa preços mais baixos ao consumidor, fato que atrai o consumidor aos pontos de venda. No ano passado, ficou evidente que, mesmo com a medida, o setor precisará de muito mais para voltar a ter força no País. Em um dos últimos balanços divulgados pela Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) para que o setor volte a respirar, será necessária a vinda de um volume maior de investimentos. Segundo afirmou na ocasião Flávio Meneguetti, presidente da entidade, o setor voltará a ter desempenho melhor em 2014. "Com a proximidade dos eventos esportivos, os investimentos serão maiores, e isso fará com o setor comece a se recuperar", disse ele.
Mas, além das medidas recentes de incentivo promovidas pelo governo, fatores como aumento da massa salarial, endividamento e concessão de crédito, além do crescente número de empregos formais, serão as palavras chaves para o varejo em 2013. Estudo realizado por Octávio Barros, economista-chefe do Banco Bradesco, vai na contramão de especialistas que acreditam que só o consumo não será capaz de segurar o crescimento do PIB - previsto em 4% em 2013 - e assegura que o País tem demanda de consumo. Para 2013, Barros está confiante no avanço da taxa de consumo das famílias brasileiras. O índice passará de 3,5% registrado em 2012, para 5,6% no próximo ano. Dado esse que está em linha com as estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na outra ponta, será possível sentir uma leve desaceleração no crescimento do volume de vendas do comércio varejista restrito (sem somar automóveis e material de construção). Em 2012, ele está estimado em 8%, sendo que para os próximos doze meses deverá cair para 6,5%. O mesmo acontecerá quando a comparação é feita no varejo ampliado (que inclui automóveis e material de construção). Em 2012, o volume de vendas ficou em 7,2%, e para este ano, 2013, ele está previsto em 6,5%. Outro fato que merece ser ressaltado é a perspectiva de que a concessão de crédito volte a atingir os patamares de 2011. Para Fernando de Castro, ex-presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), existem 40% de pessoas economicamente ativas sem nenhum comprometimento de renda com parcelas de compras a prazo. Com isso, poderá ser sentida uma procura maior por financiamento para aquisição de bens duráveis de maior valor agregado.
Fonte: DCI Online